quarta-feira, agosto 23, 2006



OBESIDADE E JUVENTUDE

A Organização Mundial de Saúde identificou no seu Relatório de 2002 a obesidade, como um dos dez principais factores de risco em termos de saúde mundial. De uma forma geral, todos os países são afectados, dos Estados Unidos à China, da Austrália à Europa, o problema assume proporções preocupantes, dadas as consequências na saúde e os custos sociais daí resultantes. Diversos factores estão na origem deste surto de excesso de peso e obesidade, verdadeira praga dos tempos modernos. Em termos simples, excesso de peso e obesidade, são o resultado da quantidade de energia absorvida pelo organismo, ser superior à quantidade de energia gasta, ou seja, estamos a comer demasiado, relativamente à actividade física que praticamos. Factores como a modificação dos estilos de vida por razões sócio-culturais, o sedentarismo, a “americanização” da alimentação, cujo exemplo está à vista de todos nós, bastando para isso uma visita às cadeias de “fast-food” durante o fim-de-semana, ou mesmo uma ida ao cinema, local de mastigação permanente, como se de condição se tratasse para assistir a um bom filme, para termos a noção de como os hábitos de vida, provavelmente por aculturação, se alteraram. Situação alarmante prende-se com a incidência do excesso de peso e obesidade, nas camadas mais jovens. As jovens portuguesas com quinze anos, têm a taxa de obesidade mais elevada de um grupo de 13 nações europeias (6,7 por cento), os rapazes, são dos mais obesos (6,8 por cento), valor ultrapassado pela Grécia (10,8 por cento), segundo dados da OMS. Em todo o mundo mais de 18 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade são obesas. A diabetes, a hipertensão e outros factores directamente relacionados com a obesidade, que prevaleciam nos adultos, são agora bastante comuns nos mais jovens, situação que compromete o futuro em termos de saúde pública. Se juntarmos o aumento da incidência de complicações ortopédicas durante o crescimento, a asma, a apneia de sono e suas consequências ao nível do pensamento lógico, a redução da esperança de vida e o trauma psicológico do estigma do “gordo”, a situação é deveras preocupante. Urge implementar medidas de fundo no sentido de inverter a situação. Regulamentação da publicidade directa às crianças, aumento dos espaços verdes e parques infantis, regulamentação dos menus das cantinas escolares e máquinas de “vending”, elaboração de projectos urbanos que salvaguardem a actividade física dos cidadãos em geral e das crianças e jovens em particular, implementação de uma visão estrutural nas cidades em termos da deslocação, que privilegie por exemplo o caminhar e o andar de bicicleta. É cada vez mais necessário por em prática uma verdadeira cultura desportiva e portanto, de actividade física, poderosa arma no combate ao excesso de peso e obesidade. Os resultados não se obtêm da noite para o dia mas, com uma articulação empenhada dos governos, das autarquias, das instituições de educação, da comunicação social, dos encarregados de educação, professores, sector publicitário e indústria alimentar, será possível trabalhar com vista a uma melhor saúde e bem-estar dos jovens, que são afinal o futuro do nosso país.


Camposana, Alírio (22 Agosto 2006)